Alcides de Castro Santos (1889-1971) nasceu na cidade de Maranguape-CE, filho do político e professor Agapito Jorge dos Santos, foi um notável comerciante, fundou diversas empresas no Ceará e foi o primeiro representante da Ford Motor Company no Brasil, foi o fundador da Sociedade Cearense de Filatelia e Numismática, comprou e doou ao Fortaleza E. C. o campo do Alagadiço (próximo a a onde hoje está a Paróquia de São Gerardo em Fortaleza-CE), construiu o Campo do Prado, onde hoje está o localizado o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE (antigo CEFET e Escola Técnica), o Estádio Municipal Presidente Vargas e a sede da Federação Cearense de Futebol - FCF (também fundada sob liderança de Alcides Santos em 23 de fevereiro de 1920, o nome original era Associação Desportiva Cearense - ADC). Foi Alcides Santos que trouxe o primeiro atleta de fora do estado para jogar no futebol cearense, Nelsindo, em 1919. Também foi nadador, ciclista (correu por duas vezes Le Tour de France) e foi atleta de remo do C. R. Flamengo, quando morou no Rio de Janeiro com o pai, deputado federal (na época a cidade do Rio de Janeiro era a capital federal do Brasil).
Quando jovem estudou na Europa, onde apaixonou-se pelo futebol e ao retornou a capital alencarina fundou um clube denominado Fortaleza, já extinto e distinto do atual Leão do Pici. Em 1915 fundou o Stella Foot-Ball Club, clube também extinto e com estreita ligação com o Fortaleza E. C., que veio a ser fundado em 18 de outubro de 1918, por Alcides Santos na companhia de Oscar Loureiro, João Gentil, Pedro Riquet, Walter Olsen, Walter Barroso, Clóvis Moura, Jayme Albuquerque e Clóvis Gaspar, dentre outros.
Alcides de Castro Santos (1889-1971)
Em 1958, quando o Fortaleza E. C. completou 50 anos o jornalista, radialista, apresentador e colunista do jornal O Povo, Alan Neto, realizou uma entrevista com o senhor Alcides Santos que, além de fundador, dá nome ao estádio-sede do clube. Nessa entrevista foram abordados alguns fatos e curiosidade sobre a história do Tricolor do Pici. Segue abaixo a entrevista na íntegra retirada do site do Jornal O Povo.
por Alan Neto
por Alan Neto
Aos 79 anos, a memória de Alcides Santos é espantosa. Ele voltou ao passado, com a facilidade de quem vive o presente. Ao repórter Alan Neto contou tudo sobre o Fortaleza.
Alcides Santos viu o Fortaleza surgir e completar meio século.
O velho coração do venerando Alcides Santos, com 79 anos de idade bem vividos e aproveitados, por certo sentirá uma rajada de alegria maior do que a de todos os tricolores vivos, se a face do Ceará, quando os fogos espoucaram no ar hoje pela manhã, anunciando o jubileu de ouro do Fortaleza Esporte Clube. Com razão de ser diga-se de passagem. Foi ele quem viu o Fortaleza nascer, engatinhar, dar os primeiros passos e crescer. Antes de se rotular oficialmente com o nome de “Fortaleza” chamou-se “Stella”, três anos antes do dia 18 de outubro de 1918.
Alcides Santos, apesar de beirar os 80 anos de idade, trabalha intensamente - em dois expedientes na Ford - enquanto à noite gasta horas e horas dedicando o tempo a sua coleção de selos e moedas, seu passatempo predileto. Ele é um dos maiores colecionadores do Brasil e foi, igualmente, associado da Sociedade Cearense de Filatelia e Numismática. Levanta-se geralmente às 5 horas da manhã para fazer a barba e “rever a minha coleção”. Já foi aconselhado pelo seu médico particular a parar um pouco as atividades, discordando de pronto. “Levo essa vida há muito tempo. Estancá-la de repente, isso eu não farei. Vou parando-a gradativamente. Não sei ficar na ociosidade”.
HOMENAGEM À CAPITAL
Em linhas gerais essa é a atividade diária do fundador do Fortaleza. Foi dele que partiu a ideia de transformar o “Stella” em “Fortaleza” para homenagear a capital cearense. E justifica: “Já havia àquela época Ceará e o Bangu em plena atividade. Eram os mais poderosos times do futebol cearense. Resolvi em combinação com o Humberto Ribeiro, Walter Olsen, João Gentil, Bruno Menescal, Oscar Loureiro, Mario Petter, transformar o “Stella” em Fortaleza, naturalmente com o concorde dos demais pares. O nome “Stella”, é bom que se frise, surgiu em face de um grupo de estudantes cearense, que havia se radicado por muito tempo na Europa e eram chamados de o grupo “Stella”. O Fortaleza desde aquela época sempre foi um clube de elite, razão por que era antipatizado. Mas o “Stella” ficou nas estrelas de sua bandeira”.
EXTRAORDINÁRIO GOLEADOR
Alcides Santos volta ao passado, 50 anos atrás, com uma rapidez meteórica. Sua memória é clara. Não tropeça em nada, até mesmo nos detalhes mais minuciosos e importantes. É simplesmente impressionante para um homem aos 79 anos de idade recordar com tanta facilidade coisas que a voragem do tempo se encarregou de tanger para longe. “Para mim foi como se fosse ontem. Trago na lembrança fincadas as melhores recordações do meu querido Fortaleza”.
FRANÇA ETERNA
As cores da camisa do Fortaleza (vermelho, branco e azul) foram também sugeridas por Alcides Santos, “em homenagem à bandeira da França, para mim a mais bonita de todas. Para mandar confeccioná-las, tive que ir a São Paulo especialmente com essa finalidade. Não estou exagerando ao dizer que ela fez autêntico furor, principalmente para a torcida feminina do Fortaleza, composta de moças da nossa melhor sociedade e que, àquela época, frequentavam o Estádio, dando um colorido todo especial aos espetáculos futebolísticos. Havia muito respeito à presença feminina”.
O Fortaleza nasceu no dia 18 de Outubro de 1918, há 50 anos, onde hoje funciona a Faculdade de Jornalismo e onde até bem pouco tempo funcionou a Faculdade de Farmácia e Odontologia, rua Barão do Rio Branco entre Pedro Pereira e Pedro I.
O maior jogador que o fundador do Fortaleza viu em ação foi Humberto Oliveira, centroavante do time tricolor no primeiro campeonato oficial levado a efeito em 1920, cujo título ficou em nosso poder. “Foi uma estreia auspiciosa. Depois de levantarmos o campeonato de 1920, fomos bicampeões em 1921 e só não fomos tri em 22 porque o juiz resolveu nos garfar, dando o título ao Ceará. Em 23 e 24 fomos novamente bicampeões e daí para a frente o Fortaleza conseguiu amealhar títulos, uns atrás dos outros”.
O PRIMEIRO CAMPEÃO
A memória de Alcides Santos vai muito além da expectativa, deixando o redator dessas notas estupefato. Numa folha de papel almaço ele começou a escrever rapidamente o primeiro time campeão do Fortaleza, no 1º campeonato oficial realizado no Ceará em 1920. Ei-lo: Quinderé; Meton e Riquet, João Gentil, Lúcio e Petter; Clóvis Moura, Arthur, Humberto Oliveira, Juracy e Pontes.
Em 1921 com pequenas modificações, o Fortaleza foi bicampeão. A formação era a seguinte: Petter, Moacir e Riquet, Djalma; Lúcio e Osvldo, Clóvis Moura, Artur; Humberto Oliveira, Juracy e Clodomir Gaspar.
Alcides Santos quando concedeu a entrevista.
Alcides Santos, o sexto da esquerda para direita, em seu ambiente de trabalho.
Alguns dos fundadores do Fortaleza.
REFERÊNCIAS:
DESCONHECIDO. Alcides Santos, Fundador do Fortaleza. Disponível em: <http://fortalezaec.net/AlcidesSantos>. Acesso em: 18 maio 2015.
FARIAS, A.; FARIAS, W. Fortaleza, história, tradição e glória. Fortaleza: Livro Técnico, 2005.
__________. Fortaleza - História, tradição e glória. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2014.
ALAN NETO,. O POVO reedita entrevista do fundador do Fortaleza, Alcides Santos, quando o clube completou 50 anos. Disponível em: <http://esportes.opovo.com.br/app/esportes/clubes/fortaleza/2014/10/19/noticiasfortaleza,2852907/o-povo-reedita-entrevista-do-fundador-do-fortaleza-alcides-santos-q.shtml>. Acesso em: 18 mai. 2015.
é nóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóiiiiiiiiiiiiiisssssssssssss
ResponderExcluirHola! Muy interesante la historia de Fortaleza y su fundador Alcides Santos. Es posible saber un poco más detallado el momento de la fundación el 18 de octubre? Si se firmó un acta, a qué hora o momento del día fue la reunión, si hubo un objetivo principal como club ( fútbol solamente o también un club social ), si hubo algún discurso o evento de gala como una cena o baile ese día? Muchas gracias!
ResponderExcluir